sexta-feira, 2 de outubro de 2009

Bat For Lashes - Two Suns (2009)



Myspace  Página Oficial

Não é muito difícil de comparar Natasha Khan, mais conhecida como Bat For Lashes, àquela menina que brinca no sótão com colares da avó e amigos imaginários. E essa "menina" acaba de provar mais uma vez que a criatividade que se vê no trabalho dela é totalmente despretensiosa e fiel aos sentimentos vividos por alguém que traduz seu dia-a-dia através de fábulas místicas.

“Two Suns” tem um quê sombrio que percorre o repertório nas letras, melodias, arranjos e efeitos. Pesou nisso o fato de a cantora ter gravado o álbum em diversos locais diferentes, se afastando de sua cidade e de seu namorado. Desafios que levaram Khan a criar Pearl, seu alter-ego cuja personalidade é menos vulnerável à emoções. Fazendo com que esse álbum seja o resultado do equilíbrio entre personagens, diferentes cenários e outros elementos do imaginário de Natasha Khan.



Além dos diferentes ambientes sonoros que as músicas nos remetem, e das vocalizações que ondulam nos ouvidos, o que chama atenção no álbum são as batidas. Elas não chegam a ser dançantes, mas dão movimento à música, fazendo você percorrer por aquela memória que estava perdida dentro da sua cabeça.

Há muito na voz dela que faz lembrar da Björk, no entanto, a intensidade que o álbum possui é tão grande que isso chega a passar despercebido.O Bat for Lashes de "Two Suns" caminha adiante em ritmo próprio. Despreocupada, Khan absorve a realidade à sua volta e não faz promessas pro futuro. Seus fãs têm a certeza de que, assim como o segundo álbum, os seguintes serão entregues da mesma forma - como uma grande e boa surpresa.








Bat For Lashes - Two Suns (2009)
01 - Glass
02 - Sleep Alone
03 - Moon And Moon
04 - Daniel
05 - Piece Of Mind
06 - Siren Song
07 - Pearl's Dream
08 - Good Love
09 - Two Planets
10 - Travelling Woman
11 - The Big Sleep

terça-feira, 29 de setembro de 2009

William Fitzsimmons - The Sparrow & The Crow (2008)



Myspace Página Oficial

"Eu ainda te amo, eu ainda te quero, eu ainda preciso de você". É assim que começa esse álbum que, a princípio, pode parecer meloso demais, mas é exatamente o contrário, é doloroso. William Fitzsimmons, nascido na Pensilvânia, escreveu esse albúm durante o seu divórcio, retratando tudo aquilo que passou durante esse tempo. Já tinha feito algo parecido antes, no seu segundo albúm, onde contava a história dos seus pais e do divórcio dos dois.

Tinha criado esse blog com o intuito de postar apenas os bons lançamentos do ano, mas, ouvindo mais uma vez o álbum do Fitzsimmons, decidi que vou colocar por aqui, além dos lançamentos, também os álbums que  eu acho que vocês devem escutar. Mas enfim, voltemos ao que interessa.

Com uma experiência e tanto no assunto, William faz canções lindas de doer, e quase que imediatamente conquista você com um timbre maravilhoso e melodias doces. Tão doces que você esquece quão doloroso é,  pois a beleza é tanta que te faz sorrir. Mas também pode causar um efeito contrário, te afundando ainda mais na tristeza, caso esteja com um pé na fossa. No entanto, em qualquer um dos casos, é um pretexto ótimo para rir mais, ou se afogar em lágrimas.




Lançou ano passado esse seu terceiro álbum. Fez doutorado em psicoterapia, chegando a trabalhar com doentes mentais, e foi aí nessa fase que ele começou a escrever e gravar suas primeiras músicas. Os dois primeiros discos foram gravados em casa,  e apesar dos seus estudos, talvez ele já soubesse desde pequeno o que seria.

Filho de pais cegos, sempre viveu nesse ambiente extremamente direcionado ao som e a música, pois era a única maneira dos seus pais enxergarem. Foi criado ouvindo James Taylor, Joni Mitchell e Bob Dylan, e chegou a ver o próprio pai construir um órgão.Partindo daí, seria praticamente impossível não se interessar por aquilo. E hoje, multi-instrumentalista, deve muito à convivência com seus pais, que tocavam por diversão.

Mas, o que realmente é enriquecedor é toda sua experiência de vida. Parece que todas as dificuldades pelas quais passou, e todas as boas saídas que encontrou (ou não), seriam chaves para as grandes músicas que ainda faria. São melodias e letras tão sinceras que não teriam como ser feitas por alguém que realmente não tivesse vivido aqueles momentos.

É emocionante ouvir algo como "Se você voltasse pra casa, poderíamos recomeçar tudo. Eu juro que seria melhor". Ouvir isso com a certeza de que é algo sincero, é de partir o coração. E sinceridade é algo que exala de todas as suas canções.









William Fitzsimmons - The Sparrow & The Crow (2008)
01 - After Afterall
02 - I Don't Feel It Anymore (Song Of The Sparrow)
03 - We Feel Alone
04 - If You Would Come Back Home
05 - Please Forgive Me (Song Of The Crow)
06 - Further From You
07 - Just Not Each Other
08 - Even Now
09 - They'll Never Take The Good Years
10 - You Still Hurt Me
11 - Find Me To Forget
12 - Goodmorning

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segunda-feira, 28 de setembro de 2009

The xx - xx (2009)



Myspace  Página Oficial

O grande problema do hype é o escudo que ele cria em torno do artista. Mas é um escudo, no mínimo, estranho, que implora pra ser atacado, mas que ao mesmo tempo sobram pessoas para defendê-lo. No entanto, esse mesmo escudo chega a afastar alguns ouvintes. Confesso que sou daquele tipo que quer saber o porquê das pessoas estarem falando tanto de determinado albúm ou certas músicas, entender o porquê de ganharem tanta evidência. E é tudo culpa do hype, criador de expectativas que, por vezes, são até desnecessárias.

Talvez seja o caso do The xx, banda inglesa que, ao ouvir pela primeira vez, talvez tu não consiga enxergar nada demais, nada que a diferencie das outras bandas, talvez você ache até alguma banda melhor, e que eles estão apenas sendo supervalorizados, etc. É, eu também pensei assim por um momento, tanto que ouvi umas duas vezes o cd inteiro, e deixei pra lá. Pouco tempo depois, numa daquelas rádios online, acabei por me encontrar de novo com eles, sem pretensão nenhuma, e sem expecativas, consegui entender o porquê da banda ser tão protegida. Tudo soava tão simples, natural, envolvente, mais parecia um flerte entre os acordes que formavam aquela doce canção e os meus ouvidos.

Acabei por ceder. As canções que, provavelmente, são as mais sensuais desse ano, haviam me conquistado, e lá estava eu, ouvindo incansavelmente os arranjos minimalistas dessa banda inglesa. E por isso decidi reforçar esse escudo, que ninguém sabe mais se ajuda ou atrapalha.



É evidente que não houve nenhum deslumbramento ao entrar no estúdio de gravação e se deparar com um mar de possibilidades. Por manter os pés no chão e a cabeça nas alturas, os londrinos do The xx optaram por dar ênfase às melodias, ainda que simples, criando um espaço suficiente em cada música para que caiba todas as sensações que você vai ter. E não vão ser poucas.

Esse minimalismo que constrói toda a atmosfera do albúm, aliado a linhas vocais doces e repletas de sentimento, baterias eletrônicas, baixos bem medidos, notas simples de guitarra, e muitas repetições, o que torna ainda mais envolvente os 38 min propostos pelo "xx", albúm de estréia da banda, que saiu em Agosto desse ano.

E, por não pertencer a certo momento e nem se encaixar apenas em um estilo, The xx merece toda atenção que recebe, apesar de que cada palavra que é dita acaba se tornando inútil, já que o necessário, neste caso, é sentir. Permita-se sentir e deixe-se ser conquistado. Há tempos que um hype não se mostra tão original e agradável assim.




 



The xx - xx (2009)
01 - Intro
02 - VCR
03 - Crystalized
04 - Islands
05 - Heart Skipped A Beat
06 - Fantasy
07 - Shelter
08 - Basic Space
09 - Infinity
10 - Night Time
11 - Stars

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